Apesar de não concordar inteiramente com esta forma de luta, confesso que fiz greve!

Afinal, quais eram os objectivos da greve?

• Tornar evidente que não concordamos com esta forma de sermos avaliados;
• Tornar evidente que não concordamos com o nosso estatuto de carreira;
• Esclarecer a opinião pública sobre o que pensamos.

Foi por solidariedade e por acreditar na causa docente que aderi à greve. Não aderi de ânimo leve, contudo!

Quais foram  os meus motivos para apresentar reservas quanto ao “dia de greve”?

Bom, em primeiro lugar, pensando friamente, acho que qualquer greve só faz sentido quando alguém é de tal forma prejudicado nos seus interesses que não lhe reste outra opção que não seja a de apoiar a nossa causa! Ora, depois da última manifestação em Lisboa realizada pelos professores, senti um apoio por parte da população em geral aos pontos de vista defendidos pelos professores! Senti isto aqui, na terra onde vivo e trabalho! A greve não era necessária, portanto!

Depois da greve de ontem, não senti o mesmo apoio da população, todavia!

As pessoas já eram conhecedoras do problema e foram prejudicadas pois os seus educandos não tiveram aulas. Mostraram algum desagrado com a greve, pois não pensam ser as culpadas da situação dos professores!

Isto era previsível!

Não há dúvidas que os professores revelaram força! Mas será adequado mostrar essa força  de uma forma tão ostensiva? Penso que não! A estratégia deveria passar por insistir na demonstração da injustiça que o estatuto induz na carreira docente! Isto cativaria os mais renitentes… Quanto mais força for demonstrada, menos o povo achará necessário apoiar os professores!

Se repararem, a estratégia do governo passa por dizer que estão “abertos ao diálogo” e por manter as suas posições… A imprensa, por outro lado, favore o governo quando enfatiza que  a causa das manifestações  dos professores esta relacionada com a avaliação, quando ao meu ver, não é… A manifestação está relacionada em primeiro lugar com o estatuto dos professores!

Se os professores “derem tiros no próprio pé” com greves que não prejudicam o governo mas sim a população, o que será de nós? Evidentemente não será possível manter a mobilização dos professores indefinidamente e, obviamente, o governo está a espera para reverter a situação!

Caros colegas professores, não chega ter razão! É necessário demonstrar isso, de uma forma paciente e persistente! É necessário que o povo perceba que os professores querem trabalhar e querem ser avaliados de uma forma sincera e justa!

Lutem para demonstrar o que sentem, mas não contra o povo!

Lutem pela constituição de uma ordem, que a semelhança da “Ordem dos Médicos” ou da “Ordem dos Advogados” regulamente e estabeleça critérios justos para a progressão na carreira e para a avaliação dos docentes!

Manuel Ramos