Caríssimo leitor, esta frase que intitula este pequeno texto foi hipoteticamente pronunciada por César, imperador romano, quando atravessou o Rio Rubicão, em desacordo com as ordens do Senado Romano.
A frase significa “A sorte está lançada!” e traduz, ao mesmo tempo, um sentimento de insegurança quanto ao futuro e, sobretudo, uma força de vontade inabalável na superação das dificuldades que ele (o César) sabia que viriam!
O Senado Romano representava, na altura de César, o poder, que era exercido em nome do povo, mas que representava, na realidade, os seus próprios interesses. Ora, na altura, um dos maiores interesses do Senado era a destruição de César, uma ameaça política incontestável!
Assim, César sabia que não podia atravessar o Rio Rubicão. O Senado proibia-o. Mas sabia também que, se ele nada fizesse, mais cedo ou mais tarde, seria destruído. Fazer o quê, então? Fugir?
César não teria sido César se fugisse! Ele atravessou o rio e enfrentou as tropas leais ao Senado Romano, tendo vencido!
O poder representado pelo Senado Romano queria perpetuar-se e, por isso, quis afastar César! Não conseguiu porque César não deixou!
Mas o poder sempre busca manter a sua posição! Para isso, no entanto, é necessário que não hajam críticas ou disputas. O poder instalado exige a nossa imobilidade e que não atravessemos o Rubicão. Referem sempre que não é seguro para nós. Referem sempre os múltiplos perigos caso escolhamos avançar. Assim, na opinião do poder instalado, se alguma coisa não estiver bem, o melhor será nada fazer, pois, caso contrário, tudo piorará.
Uma lógica que faz todo o sentido, pois, jogando com a insegurança das pessoas, algumas pequenas cedências transformam-se e parecem maiores do que são, não deixando as pessoas ver o quão perigoso para a sua própria sobrevivência é a inatividade e a cedência ao poder…
Admitindo que não pertencemos ao poder, possuímos sempre duas hipóteses: podemos fazer o que nos pedem e esperar, aceitando que as coisas não podem ser melhores do que são por inatividade e covardia, ou podemos fazer como César e atravessar o nosso Rubicão, arriscando na mudança quando a atualidade não assegura o que desejamos…
Proponho que o leitor se coloque no lugar de César: quem é o leitor, neste caso? O que tudo aceita em nome de uma pretensa tranquilidade na continuidade ou o que defende os seus pontos de vista e interesses, assumindo, para isso, os seus riscos?
“Alea jacta est”!