As aulas recomeçaram nas escolas no mês passado!
A importância particular deste recomeço das aulas está muito relacionada com a crise do “Covid 19”, que obrigou as escolas a fazerem diversas alterações no seu “modus operandi”, uma vez que o medo do contágio do vírus fez com que as escolas modificassem a forma através da qual os alunos e os demais atores educativos podem interagir entre si!
Estas mudanças nas escolas têm provocado algum “stress”, uma vez que as medidas impostas pelo governo face à necessidade de reduzir o contágio do Covid e as medidas impostas pela existência de aulas presenciais não são propriamente compatíveis entre si.
Mas, o que será que é assim tão diferente?
Comecemos por analisar (genericamente) as medidas do mais recente plano de contingência imposto aos cidadãos portugueses:
• Os ajuntamentos passaram a ser limitados a apenas 10 pessoas.
• Os recintos desportivos, continuam a não poder ter público.
• Proposta para as organizações de desfasamento nos horários de entrada e saída, bem como nos horários de pausas e refeições.
Além das medidas desse plano, o distanciamento social continua a ser defendido, sendo mesmo proposto o afastamento físico entre as pessoas de aproximadamente 1,5-2 metros…
Para as escolas, o tal plano de contingência obrigou a uma “readaptação do funcionamento das escolas à nova realidade sanitária”, com a eventual distribuição de equipamentos de proteção individual (distribuição de máscaras) e a implementação de um referencial de atuação perante casos suspeitos, casos positivos ou surtos.
Além disso, no caso das escolas, foi prevista a utilização sistemática de desinfetantes e a proibição de ajuntamentos nos cafés/nas pastelarias próximas das escolas com mais de quatro alunos.
Já no caso dos locais de trabalho das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, o Governo ponderou a existência de equipas em espelho, com escalas de rotatividade entre teletrabalho e trabalho presencial…
Permitam, no entanto, que vos exponha uma dúvida: Se a necessidade de reduzir o contágio do “Covid” obriga a tomar medidas que impedem aglomerações de mais que 10 pessoas (o que, aliás, justifica a manutenção dos espaços desportivos sem público), quais são os motivos que justificam a existência de turmas nas escolas com mais que 10 alunos?
Não creio que existam dados científicos que demonstrem que as crianças em idade escolar transmitem menos o vírus entre si (quando comparados com os adultos), pelo que acredito que esta situação ocorre como consequência da necessidade de manter os alunos nas escolas sem que hajam recursos suficientes (salas de aula, docentes e / ou funcionários) para fazer de outro modo.
Pessoalmente, considero que os alunos devem voltar a ter aulas presenciais, até porque desta forma promove-se a socialização dos alunos, fomenta-se uma melhor qualidade de ensino através do contato presencial direto entre docentes e discentes e da disponibilidade de recursos (como por exemplo, no caso das aulas que envolvam a realização de trabalhos práticos ou laboratoriais) e finalmente, liberta-se os pais/encarregados de educação para que possam assumir as suas atividades profissionais.
Considero entretanto, que apesar do retorno às aulas apresentar tantas vantagens, não podemos arriscar um aumento do número de casos da pandemia do “Covid 19”. O retorno dos alunos às aulas não está a respeitar as normas definidas pelo próprio governo face à pandemia no que se refere ao número de alunos que convivem nas aulas e tal não deve ser permitido. Nem mesmo o facto de não existirem recursos suficientes serve de desculpa para isso, pois conforme já foi pensado pelo próprio governo para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, é possível organizar também para as escolas um sistema misto entre o teletrabalho e o trabalho presencial.
Para isso, professores e alunos trabalhariam de acordo com um sistema misto através do qual o ensino presencial e o ensino online ocorreriam, de forma rotativa e sistemática. Tal sistema permitiria a redução do tempo que cada aluno permaneceria nas escolas, permitindo desta forma aumentar o número de turmas e reduzir o tamanho destas para números mais baixos (e portanto mais seguros, no que se refere ao perigo da transmissão do vírus).
Tal rotatividade, rentabilizaria o melhor de dois mundos, permitindo uma maior eficácia na gestão do ensino, enquanto diminuiria os problemas relacionados com a segurança relativamente ao “Covid-19″…
Claro que esta eventual solução não é perfeita, uma vez que “não há bela sem senão”!
Apesar disso, penso que é uma solução de contingência, adequada aos tempos de crise no campo da saúde pelos quais estamos a passar. Acrescento ainda que esta solução está perfeitamente de acordo com o conceito (tão em voga nos últimos tempos) de que são os alunos que devem construir o seu conhecimento, ocupando os docentes o papel de meros elementos facilitadores desse processo de construção.
E o leitor? O que acha?