Viva, caro leitor! Finalmente, o “Covid-19” vai virar história!
Afinal, já estamos a viver um processo de desconfinamento gradual que vai, por fases, tornar a deixar-nos livres para irmos onde quisermos, quando quisermos!
Depois de uns quantos amigos e conhecidos falecidos, depois de tantos amigos a sofrer efeitos colaterais por terem apanhado o “Covid”, depois de tanta depressão e tristeza pela perda de liberdade provocada pela pandemia, finalmente, tudo parece que está a passar!
É hora para deixar de tristezas e pensar no futuro! É hora de esquecer o que aconteceu e de procurar ser feliz!
No entanto, se o leitor for como eu, a felicidade passa pela certeza de que tudo correrá bem no futuro…. Tendo isso em conta, claro que se o meu caro leitor for uma pessoa que ama a sua família e está preocupado com os seus filhos, não esquece que durante a pandemia eles estiveram afastados das escolas e não puderam ter aulas presenciais! E isso não o deixa ser feliz!
Hoje em dia, existem várias pessoas importantes que, no seu discurso divulgado pelos média, estão sempre a dizer que os alunos das nossas escolas (entre os quais, os seus filhos) estão com o seu futuro académico e profissional muito prejudicado por causa da pandemia e da suspensão das aulas presenciais!
Pela eloquência com que falam, essas pessoas aparentam conhecer o assunto…. Aparentemente, o que dizem (tanto quanto o leitor sabe), até pode ser verdade… até apresentam alguns planos mirabolantes para resolver os problemas! Planos que envolvem desde aulas durante as férias até aulas (ininterruptas?) durante o próximo ano, a começar já no dia 1 de setembro!
E aqui me questiono: “Como poderá alguém ser feliz quando imagina que os seus filhos podem estar com o seu futuro comprometido?”
No entanto, vamos ponderar um pouco sobre o assunto: Os nossos filhos, sem contar com os tempos que passam no infantário e na universidade, passam doze anos na escola. A esses anos, correspondem aproximadamente 2.000 dias de aulas, que, por sua vez, representam cerca de noventa meses.
Agora, proponho que consideremos o tempo total de paralisação das aulas presenciais que houve em 2020 e em 2021: Em números redondos, o tempo de aulas online, sem aulas presenciais, totalizou seis meses (cerca de 130 dias, tendo em conta que não há aulas aos sábados e aos domingos) …
Ora, o tempo de ausência de aulas presenciais correspondeu então, no máximo dos máximos, a cerca de 7% do tempo total de aulas que os nossos filhos assistem durante a sua vida estudantil nos 12 anos de escolaridade… E durante esse tempo, eles não estiveram afastados por completo do ensino, mas apenas foram privados do ensino presencial!
Claro que eles foram prejudicados! Claro que necessitarão de apoios! Apesar disso, será que o alarmismo sugerido é justificado? Afinal, terão estes cerca de 130 dias em que os nossos filhos vivenciaram um estilo de ensino diferente tanta importância que os deixe incapazes de conquistar o seu futuro académico e profissional?
Terá sido esse tempo de paralisação de atividades letivas presenciais suficiente para pôr em causa os restantes 1.870 dias em que passaram pelo ensino presencial regular? Estarão os nossos filhos em desvantagem relativamente aos alunos que saíram da escola antes da pandemia?
Na minha opinião, há muito de exagero nessa questão, mas com exageros ou sem eles, veremos publicadas num breve período de tempo um conjunto de medidas que visarão minorar os problemas motivados pela ausência das aulas presenciais durante os tais 130 dias de interrupção letiva…
Será que, nessa altura, então, o leitor terá a oportunidade de ser feliz?
Não sei! O problema é que o «ser feliz» depende do que consideramos felicidade e isso varia de pessoa para pessoa e de ocasião para ocasião! Depende dos interesses e das necessidades de cada um e de como eles e elas se conjugam entre si, em cada ocasião!
Assim, mesmo que todas as medidas a serem divulgadas possam agradar ao estimado leitor e acalmar os seus temores, nada garante que estas medidas sejam adequadas em toda a sua extensão aos interesses e necessidades do meu amigo na altura em que elas forem executadas, seja pelos seus efeitos nos seus filhos (alvos das medidas), seja pelos possíveis efeitos que virão a ter no leitor ou em pessoas próximas.
Assim, ainda que todos procuremos a felicidade, esta poderá vir a ser inatingível! Mesmo obtendo o que queremos da vida, a felicidade pode ser-nos negada!
Mas temos que acreditar que é possível vir a ser feliz, pois é isso que nos move!
Temos que acreditar que há um céu azul por trás das nuvens cinzentas, durante uma tempestade! Temos que ter esperança!
MHPRamos
Um blogue do professor Manuel Ramos